quinta-feira, novembro 30, 2006

Sobreendividamento das famílias - parte I




O relatório sobre “Desemprego e Sobreendividamento dos Consumidores: Contorno de uma “ligação perigosa”” disponível no site do Observatório do Endividamento dos Consumidores coordenado pela investigadora Catarina Frade chama a atenção para o sobreendividamento das famílias como um dos riscos emergentes da sociedade de consumo. O relatório alerta para os riscos da relação entre consumo e crédito se alterarem dando origem a situações de insolvência das famílias.
E este perigo emergente não se limita às hipóteses de grandes catástrofes ocorrerem por vivermos hoje numa ‘sociedade de risco’. O perigo pode suceder por acidentes de vida (o desemprego, um divórcio, uma doença, etc.) dos quais resulta uma diminuição dos rendimentos, ou simplesmente porque uma má gestão do orçamento familiar conduz a um consumo que em muito ultrapassa os rendimentos existentes.
A taxa de endividamento tem sido crescente e continuada em Portugal. De cerca de 20% do rendimento disponível em 1990, passou-se para 80% no final de 1999 e 118% em 2004. A previsão do Banco de Portugal para 2005 aponta para um crescimento de seis pontos percentuais (124%). É verdade que este rácio não implica necessariamente sobreendividamento. Este depende sobretudo do grau de esforço das famílias, que era entre nós de 21,5%, em 1998, e de mais dois pontos percentuais em 1999, mantendo-se relativamente constante de então para cá. Mas isto ficou a dever-se, em boa medida, à descida progressiva das taxas de juro. Ora, a situação já não é a mesma com a inversão da tendência da queda das taxas de juro.
O sobreendividamento é, pois, um assunto que deve merecer cada vez mais a atenção de todos nós. É verdade que de acordo com o Banco de Portugal, em 1999, 95% dos consumidores portugueses pagavam pontualmente os seus créditos. Mas, este número também significa que 5% de compatriotas viviam (ou vivem) situações dramáticas que não podem ser ignoradas.
Por detrás das dificuldades financeiras está também, certamente, o agudizar dos problemas emocionais e familiares. Quantos dramas não ocultarão? Quantos divórcios podem estar associados a esta situação?
Na Palavra de Deus, no livro de Provérbios capítulo 14, versículo 15 está escrito: “O simples dá crédito a tudo; mas o prudente atenta para os seus passos.”

quarta-feira, novembro 29, 2006

Chavecito – o boneco revolucionário



Lemos no jornal O Público de nº 6089 de 28 de Novembro último, que na campanha para as presidenciais venezuelanas de domingo, o maior êxito é um boneco de Chávez a quem se pode mudar a roupa e pôr a cantar o hino da Venezuela ou a debitar frases do Presidente-candidato. “Chavecito” é o nome do boneco disputado por crianças e adultos, e isto apesar de não ser oferecido (custa entre os 10 e os 20 euros).
Este boneco está a transformar-se, inclusive, em presente de Natal para os mais pequenos.
Surpreendente? Ridículo? Ideia genial?
Os seres humanos são uns sonhadores inveterados. É a esperança no amanhã que nos sustenta. Na Venezuela, como em muitos outros pontos do planeta, é a esperança na construção duma sociedade mais justa e perfeita através de esforços puramente humanos que movimenta multidões. Hugo Chávez é a personagem que dá expressão a esses esforços para muitos milhares de venezuelanos que o apoiam e “Chavecito” o ídolo encontrado para representar essa esperança. Quem o concebeu sabe que os humanos muito facilmente caem na necessidade de construir os seus próprios ídolos que supostamente lhes vão dar justiça e paz. A receita não é nova mas, infelizmente, é repetidamente um êxito entre os povos.
Há cerca de 3.400 anos Deus libertou o povo hebraico do jugo egípcio. Moisés foi o homem escolhido para protagonizar o êxodo daquele povo rumo à terra prometida. Ao longo da caminhada muitos foram os sinais dados por Deus pela mão do profeta. Estava claro para aquele povo que a salvação não vinha da mão humana mas sim da mão divina. Quando, porém, Moisés se ausentou por um período mais longo, privando o povo da sua liderança, logo este, perante as primeiras dificuldades, exigiu novas referências para os guiar tende construído e adorado um bezerro de ouro (leia A Bíblia no livro de Êxodo, capítulo 32).
Infelizmente, continuamos a recorrer aos bezerros de ouro, no caso que deu o mote a este artigo, aos “chavecitos”…

sábado, novembro 25, 2006

A Fórmula de Deus - um livro que li com prazer.

Bertrand Russel, um ateu confesso, escreveu: "a menos que se admita a existência de Deus, a questão que se refere ao propósito para a vida não tem sentido."
É interessante que José Rodrigues dos Santos construiu o seu romance partindo precisamente do ponto que Russel equacionava como central para admitir a existência do Criador.
As personagens que dão corpo à defesa da tese científica exposta no livro não têm como fugir duma verdade incontornável: a vida tem um propósito e se a vida tem um propósito, então há que admitir a existência do criador...
Confesso a minha admiração pelo trabalho desenvolvido pelo escritor e que vem na linha do que li nos seus dois anteriores livros publicados ("O Codex 632" e "A Filha do Capitão"). Neles é vísivel um grande cuidado no trabalho de investigação que nos alimenta a alma enquanto lemos a ficção criada pelo autor. Gosto, por isso, do estilo: 80% de transpiração e 20% imaginação.
Mas deixo para o fim o que considero mais importante: se há um propósito para a vida, qual é ele?
Não partilho da opinião daqueles que afirmam que descobriremos o significado da vida olhando para dentro de nós mesmos. Se a vida existe com um propósito e isso nos leva a Deus, então há que começar por Ele para entendermos qual é afinal tal propósito.
José Rodrigues dos Santos expõe ao longo de "A Fórmula de Deus" diferentes pensamentos religiosos. Com uma passagem em particular, deliciei-me. É quando no Tibete, um turista afirma ser capaz de explicar em 5 minutos o budismo. E fá-lo dizendo tratar-se dum sistema de pontos: quanto melhor te portas maiores são as probabilidades de reencarnares humano, caso contrário poderás correr o risco de seres numa futura encarnação uma minhoca, ao que o protagonista do livro responde ser essa afinal uma explicação adaptável ao pensamento religioso judaico-cristão que herdámos dos nossos pais (se te portares bem ganhas o céu, senão...)
Quando terminei a leitura do livro um desejo enorme me assaltou. José Rodrigues dos Santos não conhece o evangelho de Cristo. Conhecerá certamente o pensamento religioso denominado de cristianismo, mas não conhece Jesus da Nazaré.
Será possível o autor querer ter esse encontro e continuar a escrever nos caminhos de Deus?
Como eu gostaria de testemunhar esse encontro...